quinta-feira, abril 12, 2007

Odete Santos




















“Mas chegou a hora de pôr termo a esta intervenção e, consequentemente, a uma actividade, que não profissão, política, de mais de 26 anos. (...) Se vou ter saudades deste trabalho? Mesmo de violentos debates em que me vi envolvida não raras vezes? É claro que vou sentir saudades (...) Mas também tenho saudades do futuro”

Com estas palavras Odetinha "largou" o tacho.

E agora? Quem vai pedir "licença" para passar?

Lembram-se?

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Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é agua a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

Fala do homem nascido
[António Gedeão].
1957 Mar. 6
BN Esp. E40/cx.13

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Um grande beijo Odete, deste que não tem cor, nem lado na política!



2 comentários:

  1. só não lhe dou 1 beijo também que posso ficar aqui com algum (nem sei o que raio é aquilo que ela chupa..)resquicio daquilo colado á bochecha..

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